Você é um Instrutor, Professor, Mestre ou Guru?

No mundo do yoga, muitos de nós começamos com uma única missão: compartilhar aquilo que aprendemos. Mas à medida que seguimos nesse caminho, é natural se perguntar em qual papel realmente estamos atuando. Ser instrutor, professor, mestre ou guru não é apenas sobre títulos; é sobre consciência do próprio lugar e da responsabilidade que ele carrega.

Instrutor

O instrutor é aquele que transmite exatamente o que aprendeu. Ele segue o método como foi ensinado, respeitando a estrutura original e mantendo a prática fiel ao que lhe foi passado. É como um guardião da técnica. Sua função é clara e valiosa: garantir que o aluno tenha uma base sólida e segura para evoluir.

Se você faz um curso com carga horária baixa, inevitavelmente está nesse lugar de instrutor. Isso não significa que o seu trabalho será ruim; ao contrário, é possível oferecer muito valor mesmo nas primeiras etapas. Porém, é importante reconhecer que um curso com poucas horas fornece apenas a base inicial. A verdadeira confiança para ensinar vem com o acúmulo de experiências, com o tempo de prática, com os erros e acertos que nos tornam mais preparados para lidar com diferentes corpos, personalidades e necessidades.

Professor

O professor também sabe transmitir o que aprendeu, mas entende que cada aluno é único. Ele adapta a aula, modifica explicações, encontra novas formas de ensinar para que a mensagem chegue de forma clara a diferentes tipos de pessoas. O professor combina técnica e sensibilidade. Ele percebe que ensinar não é apenas repetir, mas se comunicar de forma eficaz e empática.

Para isso, sabe que é necessário estar em constante atualização. Busca novos conhecimentos, se aprofunda em anatomia, explora diferentes metodologias, revisita conceitos e observa tendências. Ele entende que, no yoga, o aprendizado é contínuo e que a qualidade do que se transmite depende do compromisso com a própria evolução.

Mestre

O mestre já percorreu esse caminho tantas vezes que o ensino flui naturalmente. Ele não precisa pensar em cada passo, pois a prática já está entranhada em seu ser. A experiência o torna capaz de transmitir não apenas conhecimento técnico, mas também a essência da prática. O mestre ensina pelo exemplo, muitas vezes sem palavras, apenas pela forma como vive e respira o yoga.

O que realmente diferencia o mestre é o tempo de dedicação. Todos podemos nos tornar mestres em algo se o praticarmos diariamente com presença, consciência e amor. A maestria é o resultado inevitável da constância aliada ao desejo genuíno de aprofundar-se.

Guru

O guru é algo completamente diferente. É um guia espiritual que não apenas ensina uma técnica, mas conduz outros a um caminho de iluminação. Isso exige mais do que anos de prática; exige um estado de realização interior profunda e rara. No contexto em que vivemos, é importante reconhecer que poucos realmente ocupam esse papel. Ser guru é estar a serviço de algo muito maior do que si mesmo, dedicando a vida inteira à elevação da consciência alheia.

Reconhecer onde estamos

Não existe hierarquia rígida entre esses papéis, nem é preciso subir de um para outro. Um instrutor pode ser brilhante e transformar vidas. Um professor pode inspirar gerações. Um mestre pode continuar aprendendo como um aluno. E todos, de alguma forma, continuam evoluindo.

Mais importante do que o título é a intenção com que se ensina. O que você oferece aos seus alunos? Você se prepara? Você escuta? Você adapta quando necessário? Você vive o que transmite?

No fim, talvez o que importe não seja apenas responder “qual deles eu sou?”, mas se perguntar diariamente: como posso ser o professor que meus alunos precisam hoje?

Sarva Mangalam

Edson Ramos

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